Açúcar faz mal? Conheça o sabor amargo do açúcar

Atualmente, muito se tem falado a respeito dos prejuízos que o consumo de açúcar, principalmente se exagerado e frequente, pode trazer à saúde. Sabe-se que, do ponto de vista metabólico do organismo humano, é absolutamente dispensável o consumo de açúcar como integrante da dieta habitual.

Dentre as consequências deletérias possíveis, podem se citar:

➡ resistência periférica à ação da insulina e maior chance de diabetes tipo 2;

➡ progressiva obstrução ao fluxo normal de sangue nos vasos (aterosclerose), uma condição associada a problemas como angina/infarto agudo do miocárdio (coração), AVC (acidente vascular cerebral), trombose em membros inferiores (pernas). Estudos mostram que pessoas que consomem cerca de 20% das calorias diárias provenientes do açúcar refinado enfrentam um risco 38% maior de morrer de doenças cardiovasculares, em comparação com aqueles que limitam o consumo à 10% de suas calorias de açúcar;
➡ dislipidemia (aumento do “colesterol ruim”), através da elevação da LDL;
➡ sobrepeso/obesidade, situações relacionadas à instalação de um quadro de inflamação crônica, que acaba por contribuir mais ainda para a resistência insulínica, elevação do ácido úrico, níveis de pressão arterial anormais, entre outras alterações;
➡ acúmulo de gordura no fígado, em um quadro conhecido como esteatose hepática;

➡ modificações da microbiota do intestino, levando ao aumento da permeabilidade intestinal e ao surgimento da famosa “leaky gut syndrome”. Essa síndrome nada mais é do que o aumento da permeabilidade das paredes do intestino, permitindo a transferência de substâncias da luz intestinal (como toxinas, bactérias e alimentos parcialmente digeridos) para a corrente sanguínea;

➡ hipertensão arterial sistêmica.

Então o açúcar também pode contribuir para a elevação da pressão arterial?

 Sim. E existem alguns motivos para esse efeito. O consumo exacerbado de açúcar é responsável por aumentar os níveis de ácido úrico em nosso organismo, o que já é capaz de causar alterações no revestimento interno das artérias propiciando à elevação da pressão sanguínea. Além disso, concentrações acima da normalidade de ácido úrico fazem com que mais sódio seja retido, também contribuindo para o aumento dos níveis pressóricos.

Já quanto à resistência à insulina, situação que gradativamente se desenvolve através do consumo excessivo e frequente de açúcar e alimentos com sua adição (particularmente frutose, porém não aquela presente em frutas e vegetais, mas sim a que é acrescida a refrigerantes e sucos industrializados, por exemplo), ela e o consequente excedente de glicose circulante também colaboram para a elevação da pressão arterial, uma vez que se observa maior entrada de sódio nos vasos sanguíneos a partir dessa condição.

Grande gama de opções

Apesar dos diversos danos acima mencionados, há no mercado uma ampla variedade de açúcares disponíveis ao consumo, tais como:

  • refinado, o açúcar branco frequentemente utilizado por grande parte da população, com enxofre e outros aditivos químicos incorporados à sua composição durante o refinamento;
  • açúcar cristal, que tem como característica os cristais grandes, transparentes ou levemente amarelados;
  • açúcar de confeiteiro, que possui grãos superfinos, tendo amido de arroz ou de milho em geral adicionados durante sua fabricação;
  • açúcar orgânico, onde não são utilizados ingredientes artificiais ou agrotóxicos em nenhuma etapa do ciclo de produção, sendo considerado natural desde o plantio, sem adubos e fertilizantes químicos;
  • açúcar “light”, uma mistura à base de açúcar refinado e adoçantes artificiais, como aspartame;
  • açúcar mascavo, que não é submetido a repetidos processos de refinamento, por isso conservando algumas vitaminas e minerais;
  • açúcar demerara, cujos grãos possuem coloração marrom-claro ou caramelo e são levemente mais úmidos, devido ao alto teor de melaço de cana que envolve o açúcar;
  • xarope simples e xarope invertido, ambos utilizados pela indústria alimentícia para a fabricação de balas, refrigerantes, sorvetes, biscoitos (sendo o segundo, por exemplo, uma solução feita de glicose, frutose e sacarose).

Mesmo com diferenças quanto à composição e processos de refinamento citadas acima, todas essas variedades de açúcares, incluindo-se mascavo e orgânico, exercem significativo impacto sobre a glicemia e consequente elevação abrupta dos níveis de insulina, devendo seu uso ser evitado na maior parte das vezes.

E por que é tão difícil cortar ou reduzir o açúcar de nossa alimentação diária?

Quando ingerimos açúcar e alimentos açucarados ocorre elevação dos níveis de dopamina em nosso organismo, A dopamina é um neurotransmissor relacionado à sensação de prazer e bem-estar. Esses efeitos do açúcar no cérebro são parecidos com o mecanismo responsável pelo vício em algumas drogas, como a cocaína.

Porém, a ingestão frequente de açúcar por longos períodos, acaba levando a uma diminuição na produção de dopamina pelo corpo. Com isto, o indivíduo sente necessidade de consumir ainda mais açúcar, para alcançar os níveis anteriores de dopamina e, consequentemente, maior sensação de prazer.

Perigo oculto: o açúcar que você não vê

Não há motivos que justifiquem a escolha por “alimentos” industrializados (refrigerantes, sucos de caixinha, bolachas, cereais matinais, comidas enlatadas, barrinhas de frutas, sorvetes e outros doces em geral) carregados de açúcar em suas composições, ou a adição do mesmo a pratos e bebidas durante as refeições. A mais recente edição do “Guia de Diretrizes Alimentares”, publicação do governo americano com informações sobre dieta e saúde, pela primeira vez fez um alerta quanto ao açúcar acrescentado já pela indústria aos alimentos. Lembrando que as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) são de que no máximo 5% do total de calorias consumidas diariamente sejam provenientes do açúcar, já estando incluídos nesse limite aqueles produtos industrializados que o contenham em suas composições.

O que deve ser privilegiada é a opção por frutas e outros vegetais, que trazem a frutose junto a fibras, vitaminas e minerais, e somente benefícios acrescentam à saúde. Portanto, é fundamental que cada vez mais façamos uso de opções “in natura”, não-industrializadas e, nos momentos em que houver o consumo de alimentos processados, fiquemos atentos aos rótulos nutricionais, principalmente às quantidades de açúcares/carboidratos presentes nas composições.



 

Uma situação prática é quanto ao café. O ideal é que seja consumido puro, sem açúcar nem mesmo adoçantes artificiais (sacarina, ciclamato, aspartame), os quais também são maléficos por representarem substâncias comprovadamente cancerígenas. Após poucas vezes, o paladar já se acostuma ao uso da bebida pura.

Dessa forma, através de uma redução cada vez maior na ingestão de açúcares, menores se tornam as chances de doenças crônicas como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemias (colesterol alto), infarto do miocárdio (coração), AVC (acidente vascular cerebral), trombose, entre outras condições, e por consequência mais saúde e qualidade de vida se tornam possíveis no dia a dia.

#useorganico

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Dr. Pedro Vieira Neto: Médico (CRM/SP 149490) Pós-graduado em Nutrologia e apaixonado por esportes e vida saudável, atua na direção de que seus pacientes levem uma vida mais orgânica e natural.
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