Estrias: saiba como prevenir e tratar

Estria é uma lesão atrófica cutânea adquirida que surge quando as fibras elásticas e colágenas (responsáveis pela firmeza da pele) se rompem e formam “cicatrizes”.

Para entender um pouco melhor sobre o surgimento das estrias é fundamental conhecer melhor as camadas cutâneas. A pele é o maior órgão do corpo humano, e dependendo da região, apresenta variações em sua espessura. Ela é formada por três camadas de tecidos sobrepostas: uma camada superior (epiderme), uma intermediária (derme) e outra camada mais profunda (hipoderme ou tecido celular subcutâneo). A derme é a camada responsável pela tonicidade, elasticidade e firmeza da pele, sendo composta principalmente por fibroblastos ‒ células que produzem colágeno tipos I e III e fibras elásticas ‒ e matriz extracelular.

O colágeno é a proteína fibrosa de maior abundância no corpo humano, representando 30% do total das proteínas do organismo. A parte mais interna da derme contém colágeno num estado de compactação alto, enquanto que a parte mais externa da derme contém colágeno numa forma mais frouxa. As fibras colágenas têm essa nomenclatura porquê da sua cocção foi obtida uma gelatina usada como cola (do grego kolla, cola; gennaein, gerar). O colágeno tem como função fornecer resistência e integridade estrutural a diferentes tecidos e órgãos.

É importante saber que existem dois tipos: as estrias rubras e as albas (ou nacaradas). O aspecto das estrias iniciais são lesões lineares rosadas ou arroxeadas (rubras), deprimidas ou discretamente elevadas e, na fase tardia, esbranquiçadas (albas) com espessura e largura variáveis, sendo mais comuns em regiões corporais como nádegas, coxas, mamas, abdome e costas.

 Causas variadas

 Até o presente momento não se sabe a exata causa para o surgimento das estrias, mas geralmente essas lesões aparecem após a distensão excessiva ou abrupta da pele, que desencadeia um processo inflamatório e posteriormente a ruptura das fibras elásticas e colágenas.

Apesar da nossa pele ter um certo grau de elasticidade, quando sujeita a uma distensão rápida, suas fibras de elastina e colágeno podem eventualmente romper e, consequentemente, levar ao surgimento das temidas “cicatrizes”.

Sabe-se que o surgimento das estrias depende de uma tendência pessoal e genética. Alguns indivíduos as desenvolvem mesmo com pouca distensão da pele e outras não desenvolvem estrias nem na gravidez, quando a distensão da pele é muito acentuada.

Podem ocorrer em situações como: crescimento rápido durante a puberdade, aumento excessivo da massa muscular por exercícios físicos de força, colocação de expansores ou próteses sob a pele (de mamas, por exemplo), gravidez, obesidade, uso prolongado de corticosteroides tópicos, orais ou injetáveis, entre outras situações.

Particularmente as estrias da gestação resultam da combinação do aumento do peso e do volume corporal, mas também da modificação hormonal que ocorre no organismo materno nesse período. Isso significa que a gravidez é um momento propício para o seu aparecimento. O abdômen, quadris, coxas e seios são obviamente zonas do corpo com maior propensão para o seu aparecimento. Além do efeito direto de distensão da pele, soma-se a isso o fato de que especialmente durante os nove meses de gestação, alguns hormônios (cortisol e estrogênios) reduzem a eficiência dos fibroblastos, as células que produzem colágeno e elastina, essenciais para a flexibilidade e resistência da pele.

A prevenção é o melhor remédio

As estrias podem e devem ser evitadas antes de se instalarem permanentemente. O cuidado essencial é evitar que a pele sofra grandes distensões.

A hidratação do organismo de maneira geral é um ponto importantíssimo na prevenção. No geral, deve-se consumir ao menos dois litros de água, fracionados ao longo do dia.

Controle e manutenção do peso também são fundamentais, assim como a adoção de uma dieta balanceada, fonte de proteínas, gorduras boas, vitaminas e minerais e pobre em açúcares e gorduras trans.

O uso de óleos e cremes hidratantes deve se tornar um hábito, sendo benéfico para a manutenção da qualidade da pele. Recomenda-se a hidratação cutânea diária com cremes e loções hidratantes na tentativa de preveni-las, principalmente em pessoas com histórico familiar de estrias e situações de rápida distensão da pele, como gestação por exemplo. Nas meninas, na fase da puberdade, estes cuidados também são muito importantes, pois é nessa época que costumam surgir as estrias nas nádegas, coxas e mamas. Nos rapazes, a fase do “estirão” de crescimento pode causar estrias horizontais no dorso (costas).

Óleos vegetais poderosos

É rico em ácido oleico, o que o torna muito emoliente e umectante. Ele cria uma película na superfície cutânea que dificulta a perda de água transepidérmica, evitando o ressecamento e deixando a pele mais hidratada e flexível, diminuindo a chance de formação de estrias. Além disso, possui alta concentração de vitaminas A, B1, B2, B6 e E, tem ação anti-inflamatória e ajuda na melhora da elasticidade da pele, promovendo suavidade e maciez.

No entanto, é fundamental ter cuidado no momento da escolha. Para garantir todos os benefícios do óleo de amêndoas, ele deve ser puro, e infelizmente, a maioria das marcas convencionais leva na composição óleo mineral (derivado de petróleo), que pode ser prejudicial para a pele. Logo, sempre confira se o óleo de amêndoas é realmente puro. Você pode encontrá-lo aqui.

Entre os óleos para prevenção e tratamento das estrias, o de rosa mosqueta também é muito famoso por sua eficácia. Ele ainda auxilia na regeneração da pele, melhora das rítides (rugas), tratamento de outros tipos de cicatrizes e clareamento de manchas.

O óleo de rosa mosqueta é obtido a partir de sementes da planta cujo nome científico é Rosa rubiginosa, sendo rico em ácidos graxos como ácido oleico, linoleico e linolênico, além de vitaminas A e C, o que garante seu alto poder antioxidante.

Ele pode ser encontrado como ingrediente de diversos produtos ou na sua forma pura. Você pode acha-los aqui.

O óleo de semente de uva é outro válido aliado no combate às estrias. Ele é extraído da semente após trituração das sementes e prensagem a frio; um processo que mantém suas propriedades.

Este óleo possui uma elevada concentração de tocoferol (vitamina E) e ácido linoleico (ômega 6), que são responsáveis por muitos de seus efeitos benéficos. O tocoferol, é um potente antioxidante que ajuda na manutenção e regeneração do tecido cutâneo, revitalizando-o. O ácido linoleico é um ácido graxo com propriedades anti-inflamatórias, muito importante na cicatrização e reparação de lesões.

O óleo de semente de uva, à semelhança do óleo de amêndoas doces, atua formando uma película sobre a superfície da pele, minimizando a perda de água pelos tecidos, evitando o ressecamento cutâneo e garantindo maior hidratação e elasticidade.

Ele deve ser aplicado diariamente sobre toda a área afetada: diretamente sobre a pele como um hidratante ou incorporado a loções e cremes para potencializar a hidratação. Busque sempre por sua versão pura para obter melhores resultados. Você pode encontrá-lo aqui.

Tratamento

O tratamento das estrias representa um desafio e os resultados nem sempre são satisfatórios. O ideal é que seja realizado logo que elas surjam, na fase em que são  recentes e rosadas.

Os tratamentos conhecidos podem ser feitos de forma isolada ou em associação, preferencialmente com acompanhamento médico: cremes e loções; microdermoabrasão (peeling de cristal/diamante); peelings químicos; radiofrequência; microagulhamento, alguns tipos de luz e laser – como o laser corante pulsado (dye laser), excimer laser, luz intensa pulsada, Nd:YAG, lasers fracionados não ablativos e ablativos, como o érbio e o CO2. Os resultados dos tratamentos são variáveis.

Importante: as estrias não devem ser tratadas durante a gestação (nessa fase, o foco é a prevenção). E alguns dos métodos citados acima são contra-indicados para mulheres que estão amamentando.

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Dra. Maria Clara Couto: Médica Dermatologista SBD CRM SP 135626 | RQE 103257 CRM MS 14208 | RQE 8491 https://www.instagram.com/dramariaclaracouto/
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